Destino COP30: Setor privado em foco nas agendas mitigação e adaptação

Dan Ioschpe, High-Level Climate Champion da COP30, em encontro realizado pela ICC Brasil

Em encontro realizado pela International Chamber of Commerce (ICC), em São Paulo (SP), com representantes de empresas de diferentes setores econômicos, o High-Level Climate Champion da COP30, Dan Ioschpe, destacou a visão da presidência brasileira da COP sobre o papel do setor privado na implementação de iniciativas que promovam a mitigação e a adaptação climática.

“A presidência brasileira da COP tem a crença de que o assunto (desenvolvimento de soluções) está no setor privado”, enfatizou Ioschpe. 

Participamos como convidados da ICC Brasil e acompanhamos de perto o diálogo do High-Level Climate Champion — responsável por conectar tomadores de decisão para acelerar as soluções climáticas — com representantes de setores como aviação civil, agronegócio, financeiro, consumo, entre outros.

Confira recomendações que Ioschpe trouxe às lideranças presentes sobre caminhos para o “down to the ground” (aterrissagem) diante dos desafios da agenda e do financiamento climáticos.


A presidência da COP30 apresentou, em 20 de junho, a quarta carta com toda a arquitetura de conteúdos, diálogos e objetivos de ações sobre a pauta climática da Conferência que ocorrerá em Belém, em novembro deste ano. São, ao todo, seis eixos e 30 objetivos que, seguindo o chamado à aceleração de captação de recursos e projetos que marcam o ciclo brasileiro, buscam tangibilizar medidas e investimentos alinhados ao Acordo de Paris.

A partir dessa orientação, governos, empresas e sociedade civil devem identificar os temas nos quais já atuam com foco tanto na mitigação quanto na adaptação às mudanças climáticas para definir a sua colaboração com o desenvolvimento dos acordos da COP30. Em outras palavras, este é o momento para que todas as partes interessadas apresentem iniciativas já existentes, com foco em ganho de eficiência.

“O tema da COP é negócio, desenvolvimento socioeconômico sustentável. Quando você olha o business da adaptação, ele é imenso. Primeiro, tem que ser feito. Segundo, quem se preparar para fazê-lo vai ter um campo de trabalho por 30, 40 anos. O objetivo da COP também é colocar as ações de adaptação no mesmo nível das ações de mitigação”, ressaltou Ioschpe.

A mediação do encontro foi realizada por Gabriella Dorlhiac, diretora executiva da ICC Brasil. A ICC Brasil foi criada em 2014 com a missão de trazer o setor privado para o centro da agenda de comércio internacional e ampliar a voz da comunidade empresarial brasileira junto a governos e organismos internacionais na elaboração de projetos voltados para o desenvolvimento econômico, social e melhoria do ambiente de negócios.

O foco da atuação no País é difundir localmente o conteúdo desenvolvido pela ICC global em suas 12 áreas de atuação por meio de eventos sobre temas de relevância para a economia e dando voz às empresas instaladas no Brasil sobre questões-chave para os negócios internacionais. Globalmente, a ICC é a representante institucional de 45 milhões de empresas em mais de 100 países.

Durante o encontro, Ioschpe, convocou os participantes a manterem o foco, sem se deixarem distrair pelo ambiente geopolítico, que pode levar ao pessimismo.

“A gente (setor privado) pode dar uma injeção de ânimo com assuntos reais, que estão sob o nosso controle. A cooperação com o governo é muito bem-vinda e importante, mas tem coisas que já estamos fazendo. Vamos mostrar (o que estamos fazendo), que temos uma colaboração muito relevante à mitigação e adaptação climática.”

Seis eixos, 30 objetivos-chave para a COP30  

 I – Transição nos setores de energia, indústria e transporte:

1. triplicar renováveis e duplicar eficiência energética; 

2. aceleração de tecnologias de zero e baixas emissões em setores de difícil descarbonização;

3. assegurar o acesso universal a energia;   

4. transição para o afastamento dos combustíveis fósseis, de forma justa, ordenada e equitativa. 

II – Gestão sustentável de florestas, oceanos e biodiversidade: 

5. investimentos para parar e reverter o desmatamento e a degradação florestal; 

6. esforços para conservar, proteger e restaurar a natureza e ecossistemas com soluções para o clima, biodiversidade e desertificação;

7. esforços para preservação e restauração de oceanos e ecossistemas costeiros. 

III – Transformação da Agricultura e sistemas alimentares: 

8. recuperação de áreas degradadas e agricultura sustentável;

9. sistemas alimentares mais resilientes, adaptados e sustentáveis;

10. acesso equitativo a alimentação adequada e nutrição para todos. 

IV – Construção de resiliência em cidades, infraestrutura e água: 

11. governança multinível; 

12. construções e edificações sustentáveis e resilientes; 

13. desenvolvimento urbano, mobilidade e infraestrutura resilientes; 

14. gestão da água; 

15. gestão de resíduos sólidos. 

V – Promoção do desenvolvimento humano e social: 

16. promoção de serviços de saúde resilientes;  

17. redução dos efeitos da mudança do clima na erradicação da fome e da pobreza; 

18. educação, capacitação e geração de empregos para enfrentar a mudança do clima; 

19. cultura, patrimônio cultural e ação climática.

VI – Objetivos Transversais – Catalisadores e aceleradores, incluindo financiamento, tecnologia e capacitação: 

20. finanças climáticas e sustentáveis, com integração sistemática 5 do clima em investimentos e seguros; 

21. financiamento para adaptação; 

22. compras governamentais integrando o clima; 

23. harmonização de mercados de carbono e de padrões de contabilidade de carbono; 

24. clima e comércio;

25. redução de gases não-CO2; 

26. governança, capacidade do Estado e fortalecimento institucional para a ação climática, planejamento e preparação; 

27. inteligência artificial, infraestrutura pública digital e tecnologias digitais; 

28. inovação, empreendedorismo climático e micro e pequenas empresas;

29. bioeconomia e biotecnologia; 

30. integridade da informação em assuntos climáticos. 

COP30: sua empresa está preparada para chegar ao evento?

A COP30 terá um ambiente favorável aos negócios com oportunidades para posicionar investimentos e soluções que promovem o desenvolvimento sustentável, além de trocar experiências com lideranças governamentais e empresariais com influência global. 
 
A partir dos 30 objetivos apresentados na quarta carta da presidência da COP30, é possível definir a estratégia de participação em Belém com foco em relações institucionais e impacto positivo para a adaptação da cadeia de valores.
 
O Grupo In Press e a Mirá desenvolveram soluções para apoiar empresas e organizações a definirem a melhor estratégia de participação na COP30.
 
“Três aspectos são importantes quando iniciamos uma consultoria estratégica para as organizações que desejam realizar interlocuções com diversos stakeholders pré e durante a COP30: primeiramente, entender que esta é uma agenda global, com foco em mitigar os impactos das emergências climáticas. Segundo, sempre será um diálogo coletivista, intersetorial. É preciso saber alinhar visões, costurar parcerias sustentáveis para seu negócio. E em terceiro lugar, a COP em si é um ponto de passagem em uma jornada de constantes reflexões ações e posicionamento, inclusive para os executivos e c-levels das empresas que desejam liderar diálogos”, pondera Roberta Machado, presidente executiva do Grupo In Press.
 
A Mirá conta com metodologia de avaliação de iniciativas, considerando o alinhamento à estratégia de negócio e contribuições para o desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva. “A definição da estratégia de participação na COP30 deve partir da análise dos objetivos da empresa e dos impactos gerados por suas iniciativas em diálogo com os 30 objetivos propostos pela presidência da conferência. A partir desse alinhamento, é possível selecionar o projeto mais adequado para ser apresentado em Belém, fortalecendo o posicionamento institucional e contribuindo para o alcance das metas estratégicas da organização”, explica Luciana Pacheco, sócia da Mirá Sustentabilidade.
 

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