Ano após ano, no mundo todo, a expectativa dos consumidores com o comportamento dos executivos das empresas aumenta – ao passo que o comportamento efetivo de muitos deles levantam cada vez mais dúvidas, tingindo a reputação deles e da corporação.
Afinal, não são apenas mais e melhores produtos que os consumidores querem; eles exigem também melhores atitudes de quem e do que está por trás de suas marcas (até então) favoritas.
Alguns números.
Consumidores em cinco dos principais mercados globais (EUA, Alemanha, China, Reino Unido e Canadá) dizem que apenas metade (51%) de suas percepções e crenças sobre uma empresa são moldadas por suas expectativas em relação a produtos e serviços.
A outra metade (49%) é moldada por informações sobre como os executivos se comportam (24%) e qual o impacto da empresa na sociedade (25%).
Em relação aos executivos, 78% dos consumidores nestes mercados concordam fortemente que o comportamento e a integridade do CEO refletem o comportamento e a integridade da empresa que ele ou ela lidera.
São dados colhidos na última edição do Authenticity Gap, nossa plataforma que gera indicadores que medem o que os públicos esperam e o que experimentam de mais de 570 corporações e marcas, em escala global.
Números contam e, se tem alguém que sabe disso, são os CEOs.
Mark Zuckerberg, por exemplo, viu o valor do Facebook despencar inacreditáveis U$ 119 bilhões em um único dia, um recorde de perda histórico, em boa parte causado por manchas na sua reputação.
Os investidores puniram Zuckerberg depois que a empresa Cambridge Analytica, que tinha laços com a campanha do presidente Donald Trump em 2016, teria acessado informações de cerca de 50 milhões de usuários do Facebook para influenciar os eleitores.
Com o escândalo, vieram à tona uma saraivada de críticas ferozes sobre as políticas de conteúdo da empresa, seu fracasso em salvaguardar dados privados e suas mudanças nas regras para os anunciantes. E, quando o Facebook divulgou números de vendas e crescimento de usuários no balanço trimestral de julho deste anos, que ficaram aquém das projeções dos analistas, os investidores ficaram em choque.
“Foi um erro meu e me desculpem. Eu comecei o Facebook, gerenciei e sou responsável pelo que acontece aqui” – foi a resposta corajosa de Zuckerberg diante do congresso norte-americano, pavimentando a mudança de práticas de privacidade e a recuperação dos ativos da empresa que se sucederam.
Mais do que um drama estritamente moral, escândalo e críticas fatalmente atingem a empresa onde mais dói: no crescimento.
Aí reside um insight que deve ser aprendido rapidamente pelos executivos de uma corporação nos dias de hoje: o comportamento do executivo e o negócio andam cada vez mais juntos, dizem respeito a todos os escalões e processos, e são acompanhados de perto por todo o leque de stakeholders de uma corporação.
E o mais importante caminho para uma empresa demonstrar seu comprometimento com fazer a coisa certa é a transparência, deixando claro que opera nos mais altos padrões de ética e adotando políticas de comunicação confiáveis.
Sem esquecer que, na linha frente da reputação, para o bem e para mal, está a liderança cada vez mais sob escrutínio do CEO.