Vamos iniciar com um trecho do depoimento de Martin Luther King Jr., na Carta da Cadeia de Birmingham de 12 de junho de 1963. Na ocasião, o mestre disse “o entendimento superficial de pessoas de boa vontade é mais frustrante do que o mal-entendido absoluto de pessoas de má vontade. A aceitação morna é muito mais desconcertante do que a rejeição total.”
Em 2020, esta afirmação é também a opinião dos consumidores sobre as marcas. Com os recentes casos de racismo e as manifestações, de repercussão mundial, fizeram com que as expectativas mudassem (literalmente) da noite para o dia. As manifestações – que tiveram como estopim o assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos – foram registradas em mais de 350 cidades, dos 50 estados norte-americanos. Políticos e lideranças se posicionaram em todo o mundo. Celebridades esportivas, do cinema e da música, como Rihanna, Taylor Swift, Katy Perry e LeBron James, aderiram ao movimento #blackouttuesday e #blacklivesmatter que movimentou as redes sociais. E qual o papel das marcas neste cenário?
Vimos que muito! A gigante Apple passou o dia usando suas várias plataformas para “apoiar artistas negros, criadores negros e comunidades negras”. Sua programação de rádio Beats 1 foi cancelada para o dia e substituída por uma lista de reprodução totalmente negra. E foi questionada, por meio do Twitter, que se a empresa realmente levasse a sério a questão da representação racial, afastaria o foco das mensagens e da música, e focaria em direção à sua equipe de liderança.
No Brasil, o movimento viralizou nas redes sociais e o público forçou uma mudança comportamental das empresas, inclusive de mídia como foi o caso da GloboNews, um dos principais canais de televisão por assinatura brasileiro, que trocou a composição de jornalistas brancos, na bancada do telejornal, por profissionais negros. A decisão foi, praticamente, uma obrigatoriedade do dia para a noite, após um tweet ter ampla repercussão nacional questionando o canal da discussão sobre o racismo conter apenas pessoas brancas.
O Authenticity Gap, filosofia proprietária da FleishmanHillard, já sinalizava, em 2019, que os consumidores e os colaboradores estão mais atentos aos posicionamentos, ações e atitudes das empresas. “Hashtags não são suficientes. Enfrentamos um nível mais alto na avaliação das desigualdades, incluindo a racial”, comentou John Saunders, CEO global da FleishmanHillard, em posicionamento interno na agência.
A realidade é que agora, todos, devem aprender que suas atitudes têm reflexos imediatos na conduta da sociedade. Além disso, as marcas devem realizar a educação interna, primeiramente com os seus colaboradores, identificando as necessidades e trabalhando de maneira efetiva.