Grande produtor global de alimento, o Brasil conquistou essa posição apenas nas últimas décadas. Antes disso, o país era grande importador de alimentos básicos, como milho, trigo, leite, carne e arroz. A grande virada de mesa aconteceu em meados da década de 70 quando o Brasil pegou carona na Revolução Verde, termo criado em 1966 em uma conferência em Washington para nomear um processo de modernização agrícola que teve início no final da década de 40. Apesar da demora para a Revolução Verde chegar ao Brasil, ela foi fundamental para que o País adaptasse as novas técnicas que estavam sendo implantadas lá fora, como o desenvolvimento de pesquisas em sementes, fertilização do solo e utilização de maquinário.
Foi nesse período em que houve o surgimento da Embrapa e a agricultura brasileira deu um salto de produtividade. Milhares de pesquisadores foram enviados para os quatro cantos do planeta com o objetivo de aprender novas técnicas de plantio, adaptá-las ao clima tropical e aplicá-las no país, tornando este o grande divisor de águas para o agronegócio brasileiro.
Apesar do ótimo momento, a comunicação do agronegócio naquela época ainda era muito discreta, de nicho, voltada apenas para o homem do campo e por meio de textos técnicos e pontuais que partiam de poucas fontes de informação, muitas delas oficiais, como órgãos do governo ligados à agricultura. Era um modelo rudimentar que comumente chegava a causar ruídos e falhas na mensagem, além da demora considerável para que ela circulasse por todo o setor.
A Revolução Verde foi um período de aumento no investimento em comunicação, com o claro objetivo de mobilizar o campo e transmitir todo o conhecimento que estava sendo adquirido na época para o aumento da produtividade, como novas práticas agrícolas e técnicas de manejo, desenvolvimento de pesquisas em sementes, fertilização do solo e utilização de máquinas no campo. Era preciso fazer esse conhecimento chegar ao alcance de todos, o que fez com que as empresas passassem a incorporar profissionais de comunicação e marketing em seus quadros, além investir em cursos de capacitação, feiras agropecuárias, cartilhas e materiais informativos e a contratar agências de comunicação para o suporte no relacionamento com a imprensa e stakeholders do setor.
Nos dias atuais, o agronegócio é o setor mais robusto da economia brasileira e se destaca mesmo em tempos de crise. A agropecuária corresponde a 21,6% do PIB nacional, é a atividade que mais emprega no país (mais de 30 milhões de trabalhadores), é peça fundamental para o equilíbrio da balança comercial brasileira e responde por 44,1% das exportações. Essa posição de destaque que hoje o Brasil ocupa só foi possível graças à adoção de novas tecnologias, como fertilizantes, defensivos agrícolas, sementes melhoradas e a mecanização, que permitiram um aumento significativo na produtividade das lavouras e contribuíram para a preservação das matas nativas.
Todo o investimento em inovação que a indústria vem fazendo tem um claro objetivo: produzir mais alimentos, de melhor qualidade, por um custo menor e com baixo impacto no meio ambiente. Mais do que necessário, esse investimento é urgente. O mundo hoje conta com 7 bilhões de habitantes, estima-se que em 2050 teremos 10 bilhões de pessoas vivendo – principalmente em áreas urbanas. O desafio da agricultura no futuro é atender a essa demanda crescente, em um cenário de maior complexidade logística e cada vez menos terra disponível para cultivo. Para essa conta fechar, a inovação deixou de ser um fim, mas um meio.
De acordo com a Embrapa, os defensivos agrícolas representam pouco mais de 20% do custo de produção no Brasil, por isso é preciso usar utilizar esses produtos com eficiência. Tendência em todo o mundo, a agricultura de precisão e as tecnologias de agricultura digital, que utilizam sensores conectados à internet, gerenciamento de dados, GPS, sistemas de geolocalização, entre outros, vêm se popularizando no país, fato que tem contribuído para o uso mais racional dos insumos e, consequentemente, garantindo maior rentabilidade aos produtores.
Novas tecnologias vêm surgindo a cada ano e estão revolucionando o agronegócio no Brasil e no mundo. os drones, por exemplo, são capazes de sobrevoar áreas remotas e registrar, através de fotos e vídeos, a condição dos solos e até mesmo identificar a presença de pragas ou doenças. Os novos softwares de gestão e monitoramento são capazes de mostrar, em tempo real, o andamento das lavouras. Por meio de sensores instalados nas máquinas, os sistemas coletam todos os dados de plantio, aplicação de defensivos e colheita e os armazenam na plataforma, podendo ser acessadas via internet.
A coleta e leitura de dados providos pela tecnologia na agricultura permite armazenar informações dos mais diversos tipos, como níveis de chuvas, temperaturas do solo e do ar, preços de insumos agrícolas, dados de venda da safra, entre outros. São informações que, quando cruzadas, permitem a geração de padrões estatísticos que auxiliam na gestão da agricultura. Estima-se que a adoção do Big Data em larga escala trará ganhos ambientais e econômicos para diversas culturas na próxima década.
O nível de tecnologia na agricultura está tão avançado que até mesmo máquinas tradicionais, como simples pulverizadores, contam com sensores capazes de ler as informações do ambiente e, por meio de raios infravermelhos, avaliar a saúde das plantas, o estágio de desenvolvimento da lavoura e o nível de salinidade do solo. Dessa forma, o equipamento controla a aplicação de pesticidas e restringe seu uso apenas às áreas onde forem detectadas pragas ou doenças.
Muitos agricultores já estão investindo em sensores que regulam o clima em um ambiente controlado para que frutas, verduras e legumes cheguem no ponto certo da colheita com valor nutricional máximo. As empresas de logística não ficam atrás e correm para digitalizar todos os produtos de sua cadeia. O objetivo é investir em rastreabilidade e dar ao consumidor – que cada vez busca mais transparência – todas as informações da origem e qualidade do alimento.
A biologia digital também está na moda e nos dará a possibilidade de projetarmos os alimentos que iremos comer, bem como o efeito da comida em nosso organismo. É o consumidor querendo comer melhor, viver mais e com mais qualidade de vida. A biotecnologia já nos permite erradicar doenças e melhorar os alimentos geneticamente, para que eles se tornem mais nutritivos e forneçam mais vitaminas e minerais. Os alimentos transgênicos já possibilitam o desenvolvimento de culturas mais resistentes a pragas e climas extremos, possibilitando o uso cada vez menor de pesticidas nas lavouras.
A inovação na agricultura fez com que a comunicação das empresas voltasse seu olhar para outro tipo de público: o consumidor final. São donas de casa, pais de família, jovens conectados nas redes sociais e outros decisores que, preocupados com a qualidade e a procedência dos alimentos, possuem uma voz ativa e influente. A comunicação para esse público passa a ter um forte papel educativo e dá ao setor a clareza de que informação e conhecimento são insumos tão valiosos quanto o alimento.
Nesse cenário, a reputação da empresa é essencial para a estratégia do negócio. Uma boa comunicação é imperativa para que se atinja os objetivos corporativos, aumente a participação no mercado, trabalhe com diversos públicos e tenha ferramentas para gerenciar eventuais crises. Além do relacionamento com a imprensa, uma boa construção e manutenção da sua reputação também é nutrida com outras frentes, com abordagens diferentes para públicos distintos: clientes, comunidades, órgãos do governo, legisladores e parceiros. Ou seja, a comunicação é uma das principais ferramentas estratégicas de negócios e um investimento necessário.