Como os CEOs estão respondendo ao cenário COVID-19

Mar calmo nunca fez bom marinheiro.

A mesma analogia pode ser aplicada à atuação do CEO diante de uma crise como a que vivemos. A imprevisibilidade do cenário exige das líderes habilidades importantes como resiliência, flexibilidade e, também, coragem para ser vulnerável. O CEO representa todos os valores da empresa e deve se posicionar mesmo em questões mais controversas. Sua atuação é um reflexo da forma de pensar e de atuar da companhia. Segundo o Authenticity Gap, pesquisa realizada pela FleishmanHillard em 2019 em seis países (Brasil, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha e China), há uma pressão crescente para que os líderes empresariais se manifestem sobre questões que afetam seus clientes, funcionários e a sociedade em geral.

Face ao cenário de COVID-19, transparência, agilidade e atitude são fundamentais. Para sobreviver a este período, pensar em pessoas, focar na preservação de vidas, é o que irá, no futuro, possibilitar todas as retomadas, inclusive as econômicas. Nunca foi tão essencial para o ser humano ser, em sua plenitude, humano.

Os CEOs brasileiros estão fazendo os principais anúncios pela grande imprensa e nos canais próprios de suas empresas. Nesse momento, o importante é mostrar para a população o que está sendo feito, e como todos podem ajudar de alguma maneira.

“Fazia muito tempo em que nas minhas palestras estava pregando que as lojas físicas não iriam acabar, mas entrar no digital é muito importante. O que se tira desta crise é que a gente vai ter de se reinventar.” – Luiza Trajano, Presidente do conselho administrativo do Magazine Luiza

“Nesse momento de incertezas, é importante agirmos para manter ativos e sustentáveis os negócios dos restaurantes que compõem o nosso ecossistema.” – Fabricio Bloisi, Presidente executivo do iFood

A FleishmanHillard Brasil, liderada por um time de especialistas em reputação e imagem, analisou como as ações de combate à COVID-19 estão sendo tratadas publicamente por meio da imprensa e nas redes sociais.

 

ALGUNS HIGHLIGHTS

O LinkedIn, no cenário Brasil, não aparece como a primeira rede para os executivos se posicionarem neste momento.

Há compartilhamento de matérias publicadas na grande imprensa. Pode ser que, no futuro, quando a pandemia estiver controlada, essa seja uma grande oportunidade para a produção de artigos específicos sobre o período e a atuação, além de compartilhamento de cases e realização de webinars.

Em geral, os executivos que já eram ativos em seus perfis, estão levando para suas páginas pessoais o que já foi apresentado em outros canais, com pouca ou nenhuma produção de conteúdo específico.

Em paralelo, as empresas que já atuavam forte nesta rede com suas páginas institucionais, intensificaram as postagens com as ações realizadas e com informações sobre cuidados com seus colaboradores.

São poucos os CEOs no Brasil que falam abertamente sobre questões relativas a cortes e mudanças nas remunerações de altos executivos, C-Level e boards durante a pandemia. Também são poucos os exemplos de ações pessoais, na pessoa física de CEOs ou mesmo de empresários – e sobre estes temas existem questões de impostos a serem discutidas no futuro.

 

Confira abaixo exemplos de ações e posicionamentos que tiveram destaque na mídia nos últimos dias.

VOTORANTIM

A holding e suas empresas investidas vão direcionar R$ 150 milhões para uma série de iniciativas de combate à Covid-19. O foco é a interiorização da pandemia do novo coronavírus. Com coordenação técnica da Beneficência Portuguesa, o valor doado está servindo para a compra de insumos hospitalares e cestas básicas, entre outras ações. O Instituto Votorantim converteu seus cerca de 300 projetos sociais para o enfrentamento do coronavírus, oferecendo gestão técnica remota aos municípios e suporte a educadores, entre outras iniciativas.

MAGAZINE LUIZA

Série de doações, incluindo R$ 10 milhões para a compra de respiradores artificiais e outros insumos para equipar hospitais públicos e filantrópicos de todo o País. A empresa vai dobrar o auxílio-creche pago às suas funcionárias que não podem trabalhar em home office neste período. Com foco em movimentar a economia, lançou o Parceiro Magalu, onde pequenos varejistas podem se cadastrar e vender para clientes da rede.

GOL LINHAS AÉREAS

A companhia anunciou o corte de 40% nos salários dos diretores, vice-presidentes e presidente da empresa de abril a junho. Foi confirmado também que profissionais de saúde atuando no combate à COVID-19 terá isenção de 100% na tarifa aérea.

AREZZO & CO.

Medidas como a redução em 30% dos salários do CEO, diretores executivos e conselheiros. A holding confirmou a produção de 25 mil máscaras de proteção, distribuídas pelas Secretarias de Saúde Municipais em Campo Bom e Novo Hamburgo (RS) e pela Secretaria de Saúde do Estado do RS. Foram doados 10 mil pares de tênis de suas marcas para profissionais de saúde em atuação no combate ao vírus.

MERCADO LIVRE

Foi uma das primeiras marcas a iniciar uma campanha de conscientização, alterando sua logo no cenário da pandemia e realizando parceria com a Cruz Vermelha. Eliminou 100% da comissão do site pela venda de produtos essenciais no auge da crise, dentre outras medidas de apoio ao vendedor, totalizando R$ 20 milhões em esforços financeiros. Criou, ainda, uma linha de crédito de R$ 600 milhões destinada a micro e pequenos negócios. Retirou do site cerca de mais de 50 mil anúncios especulativos, que continham oferta de produtos de alta demanda com preços irregulares ou propaganda enganosa.

ARTERIS

A empresa do setor de concessão de rodovias anunciou a distribuição de 20 mil kits de higiene pessoal para caminhoneiros em postos selecionados de rodovias, além de uma página exclusiva para apoiar os transportadores em suas viagens.

GERDAU E AMBEV

As empresas firmaram parceria com o Hospital Albert Einstein e a Prefeitura de São Paulo para a construção de um hospital com 100 leitos no total para auxiliar no atendimento às pessoas infectadas com COVID-19.

IFOOD

Criação de um fundo no valor de R$ 50 milhões para auxiliar restaurantes neste período de crise.

ITAÚ UNIBANCO

Após o anúncio inicial da doação de R$ 150 milhões em materiais para o combate ao novo coronavírus (infraestrutura hospitalar, cestas de alimentação e kits de higiene), o CEO do Itaú Unibanco confirmou a nova doação de R$ 1 bilhão, que irá para um fundo dedicado a equipar o SUS.

SANTANDER BRASIL

Anunciou a colaboração de funcionários da empresa com doações, que já ultrapassaram R$ 2,3 milhões e serão destinadas a hospitais e grupos de maior risco. A iniciativa utiliza uma ferramenta já conhecida no Santander, o Amigo de Valor, que busca investimento em projetos sociais por meio do engajamento de empregados, clientes e fornecedores.

NUBANK

Criação de fundo no valor de R$ 20 milhões direcionados aos clientes do banco como forma de auxílio neste período de crise. A fintech trará uma gama de serviços que incluem atendimento médico e psicológico remoto via vídeo, além de entrega, em parceria com empresas como Hospital Sírio-Libanês, iFood, Rappi, Zee.Dog e Zenklub.